Minerva

   Hoje é um dia triste! A minha cadela Minerva, grande amiga, morreu! Com  12 anos de vida canina correspondente a, segundo a veterinária, 70 anos bem medidos foi uma cadela que viveu a vida em liberdade, sem trelas nem correntes, sem grandes mordomias também. Era um animal robusto, sobreviveu a um atropelamento inacreditável sem uma única beliscadura a não ser um susto monumental e caiu duas vezes de uma altura superior a 5 metros sem ter partido, deslocado, arranhado ou torcido uma pata. Perseguiu e comeu galinhas quando jovem, momentos de uma adolescência excessiva que com o tempo se foi acalmando. Perfilhou, mimou e amamentou um gato recém-nascido, o seu corpinho maternal criou leite para aquela bolinha de pêlo. Teve a sua primeira gravidez já em idade madura que terminou mal para uma cria e julgo eu, condenou para todo o sempre, o seu único filho, o inefável Gastão Elias a uma condição de borderline com défices de atenção irremediáveis. Nos seus tempos áureos governou o quintal e mandou nos outros cães, na sua velhice resignou-se à condição de velha sem privilégios a não ser para a sua dona com quem partilhou e assistiu a períodos conturbados da sua vida. Assistiu a tristezas e alegrias, viu crescer a par e par consigo o benjamin humano da casa. Acompanhou a dona por onde esta andou, era esperta e foi-se refinando com a idade o que lhe deu um estatuto que lhe permitiu fazer orelhas moucas a certas ordens em que não se revia. Tal como viveu foi também apressada a morrer, poupou à dona dores e esperas angustiadas.





   Vais ser enterrada num sitio bonito, no cimo de uma colina verde com vista para o mar!

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