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A mostrar mensagens de abril, 2015
 Não sou terceirence, sou almadense, não sou terceirense mas poderia bem sê-lo; sou almadense porque nasci em Almada e é só. Na verdade, já me sinto uma terça parte desta terra e podem vir dizer que não, que isso pouco me importa. Se eu o sinto, eu sou! E por o ser ou sentir, mais me diverte observar os meus quase conterrâneos, que vão vivendo as suas vidas sempre cheios de uma graça e uma peculiaridade que não encontro em outras paragens. O que observo não vem impregnado daquela sobranceira superioridade com que os do continente observam os nativos, conhecer esta terra desde os meus 10 anos acabadinha de fazer 48 anos, com idas e vindas ocasionais e 11 anos de casa, dão-me estatuto para poder fazer umas criticazinhas sem que daí venha mal ao mundo. Os terceirenses não são rancorosos, ressentidos ou vingativos. E no entanto, estão impregnados de outras tantas características, algumas quase deliciosas de que apetece falar quase com ternura. O terceirense não gosta de andar a pé, anda
Quando nasci a minha mãe tinha 42 anos. O meu pai também! Quando tive idade para perceber, percebi que antes de mim e da minha irmã, dois anos mais velha tinha havido outro filho e que esse filho tinha morrido. Desde que me conheço com capacidade para pensar, me dei conta, no meu entendimento de criança, em que tudo parece sobre dimensionado e o mundo é visto com um tamanho e uma importância gigantesca aos nossos olhos, que o meu irmão morto, antes que eu e a minha irmã tivéssemos nascido, era um ser perfeito, que morreu nessa perfeição sem mácula. Tinha nove anos, idade em que não se concebe que ser humano algum morra. Morreu electrocutado! Tinha nove anos e morreu de uma forma inconcebível. Morreu electrocutado num jardim publico de uma grande cidade, Lourenço Marques, de alguns anos a esta parte, Maputo, Moçambique.  Desde que tomei consciência de que o mundo não era um lugar sempre seguro e sempre bom e sempre pacifico e sempre prazenteiro, foi-me dito pela minha mãe, sempre c