Coisinhas de homem deprimentes


Cena deprimente número 1: 

   Uma festa, com potencialidade para ser uma grande festa, música boa, uma playlist ( como se diz agora) susceptível de agradar a todos, se não em todas as músicas, em grande parte delas e o que acontece depois? Tirando dois ou três homens esforçados, homens sedutores que dançam no meio delas, homens que as agarram e as conduzem, os outros, desaparecem para as comuns trivialidades, fumar e beber e embrutecerem-se ainda mais. Elas, lindas e disponíveis para uma das artes mais bonitas e antigas de sedução e que, contrariamente a muitas outras, não produz um aumento significativo de casos extra-conjugais, eles, amorfos e especialmente burros, incapazes de perceber quanto uma dança é sedutora e aproxima. Há acaso maior demonstração de virilidade, um homem que nos leve para dançar, dançar a sério, agarrar em nós, manobrar-nos e arrebatar-nos com poder másculo, conduzir-nos em todos os passos e em todas as direcções?  Pergunta-se a qualquer uma de nós o que pensa sobre este assunto, duvido que haja alguma que discorde com o que digo! E no entanto, aquelas abéculas, não se aproximam! É tão triste! Tenho saudades dos slows dos anos oitenta, aquelas festas de garagem, as matinés da Twins onde toda a graça residia naqueles momentos, onde elas e eles se juntavam em abraços mais ou menos tímidos, onde os corpos estremeciam de puro prazer, sem grande sofisticação nem complexidade mas onde o homem era homem e dançava com uma mulher. E antes disso, nas sociedades onde eles sabiam dançar, chamavam uma mulher, iam buscá-la, conduziam-na e sabiam o que faziam. Hoje em dia consigo de repente pensar em dois homens que sabem  e gostam de dançar e curiosamente são os dois gays! 

Cena deprimente número 2: 

   Não sei quando começou: provavelmente quando andavam a tratar dos papeis para o casamento e ouviram as palavras: esposa e esposo! Que bonitas que são! Quase tão perfeitas quanto "esponsais"! Devem ter gostado, soaram-lhe a sofisticação e agora à conta disso anda por aí, disperso, mas assustadoramente próximo, um bando de coninhas que insiste em tratar as suas mulheres por esposas. Se estou junto de gente e há uma aventesma que cai na asneira de utilizar tal tratamento, peço desculpa e vou à casa de banho refrescar a cara a ver se me passam as náuseas. Ó toleirão, acaso a tua mulher te trata por "esposo"? Não sabes, ó meu grande cagão provinciano que, se não podes tratar a tua gaja por "marida" por oposição ao masculino, a deverás tratar por "mulher"? É isso que ela é, a tua MULHER! 
   Um homem a tratar a sua mulher por esposa faz-me lembrar aqueles grandes figurões do velho testamento que coleccionavam as mulheres para procriação, para povoarem a terra. Mas esses até tinham desculpa, vamos lá, uma tarefa hercúlea ou porventura messiânica e tinham que trabalhar depressa e em quantidade. As esposas, que normalmente eram mais do que uma serviam para isso mesmo, servi-lo. Entretanto, milhares de anos se passaram, mulher tens uma só, (legalmente falando),  aquela a quem levas para a cama porque a desejas e porque queres que seja a única,  a tua companheira, a mãe dos teus filhos. Deixa de ser murcão e quereres fazer bonito, armado em cócó! Fala simples, trata-a por mulher porque é isso que ela é, em todas as suas dimensões, mas primeiro e mais que tudo MULHER, a tua!  E há coisa mais bonita que ouvir uma mulher tratar o seu marido, por " o meu HOMEM"? 



   

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