Mensagens

Há pessoas que nos amam..

Imagem
  Há muito tempo que não vinha aqui. Não sei o porquê de andar arredada destas escritas minhas a não ser a circunstância de não me apetecer dizer grande coisa. Ou de não querer fazer deste blogue um permanente local de escárnio e maldizer na versão mais soft. Ser escarninha já deixou de ter piada. Esgotei o stock de veneno.  Já não tem grande piada observar o comportamento humano e dissecar cada gesto, atitude ou acção com a ironia de quem , honestamente sabe, que o gesto que critica, é um erro que comete. Somos uma mistela de gente que, a maior para vezes, não faz um corno de ideia do que anda a fazer neste mundo. E faz merda atrás de merda a maior parte das vezes perdidos e sem saber como sair desta confusão mais ou menos inteiros.    E não faz mal. Não faz mal porque com mais tentativa e erro, o que se quer é um quinhão de ser feliz sem que se peça mais do que a conta, a ver se dá para todos. E se, para os nossos, esse quinhão seja assegurado. É um desejo simples, amar e ser amado.

Vizinhos fofinhos

   Quem já viu o filme Duplex com a Drew Barrymore e o canastrão  do Ben Stiller, um filme que conta as peripécias angustiantes de um jovem casal a braços com a vizinha do andar de cima que lhes torna a vida num inferno? Viram? Pois se viram, é ou não é desesperante e digno de dó todo o sofrimento que aquela frágil velhinha de quase 200 anos, tão aparentemente fofinha mas tão ruim, consegue infligir nos dois? Apetece ou não agarrar-lhe pelos pés e pô-la a rodar tipo lançamento do martelo e lança-la pela janela? A mim apeteceu-me e se me atrevo a ver novamente o filme, fico logo irritada e a hiperventilar.     Pois é, eu afirmo solenemente e sem sombra de exagero que, na minha vida e no andar de cima, não existe uma frágil velhinha mas dois velhos, cheios de saúde e veneno a infernizar-me a vida. A rua da minha casa tem, umas 30 habitações de cada lado, umas de dois pisos e as outras de piso único. As contas, feitas por alto, darão umas noventa famílias. Todas essas famílias me par

O cinto

   Quando nasci a minha mãe tinha 42 anos. O meu pai também! Antes de mim e da minha irmã, tinha havido outro filho que morrera. Desde que me conheço com capacidade para pensar, me dei conta, no meu entendimento de criança, em que tudo parece sobre dimensionado e o mundo é visto com uma importância gigantesca, que o meu irmão morto, antes que ambas tivéssemos nascido, era um ser perfeito e que morreu nessa perfeição sem mácula. Tinha nove anos.     Foi em Lourenço Marques. Quando tomei consciência de que o mundo não é um lugar sempre seguro e sempre bom e sempre pacifico e sempre prazenteiro, foi-me dito pela minha mãe, com sofrimento na voz, que a dor sentida por ela, permanecia e sempre a acompanharia até à sua morte. A imagem que guardo dele é a de um ser intocável na sua perfeição: excelente menino, obediente, alegre, muito amigo de sua mãe e um excelente aluno. Era assim e nestes termos que éramos convidadas a reverencia-lo, ao mano. O nosso mano vivia nas fotografias da sala e

Vais fumar droga?!

   No último dia de Fevereiro, o meu filho mais novo despediu-se na mim, na saída para a escola, com um: " Vais para onde, afinal?!", isto depois de lhe ter dito, pelo menos, umas 1568 vezes que ia dar um giro pela Holanda.    " Ah, Holanda! Vais fumar droga?" .    " Vou tentar!".    " Boa sorte!".    E pronto, foi o que se conseguiu de conversa no pequeno percurso para a escola, onde invariavelmente, ele me brinda com uma selecção musical que eu não pedi mas que tenho de aguentar, segundo ele para meu enriquecimento cultural das novas tendências.    Há 30 anos se eu perguntasse à minha mãe se ia fumar droga  na Holanda levava um par de estalos. Há 40 anos eu não sabia que se fumava droga, ponto! De resto, e quando soube, nunca me passaria pela cabeça ter qualquer tipo de conversas desse teor com a minha mãe, com o meu pai, então, seria uma espécie de suicídio assistido. O máximo a que a minha irreverência juvenil chegou foi perguntar-

Retratos de mim pela Margarida Quinteiro

Imagem

S. Tomé - Dia 8 - Ilhéu das Rolas

Imagem
   Ontem o dia foi do Ilhéu das Rolas e da costa sul ainda não explorada, desta feita de barco. Conhecemos o Shun, o nosso marinheiro e guia, professor e praticante de surf em uma das duas escolas de surf de S. Tomé: a escola de Porto Alegre. A outra fica em Santana.  Vou dispensar as palavras e mostrar as fotos. 

S. Tomé - Dia 5, 6 e 7

Imagem
  Anteontem fui sempre para sul até Porto Alegre. De S. Tomé, cidade até Porto Alegre são 70 km de curvas e contracurvas, de vegetação luxuriante e paisagem  de perder o fôlego. Foi dia de queimar quilómetros, de perceber a dimensão da ilha. E de perceber, também, como a ilha parece tirada dum livro do Robert Louis Stevenson ou de, como se de repente, do matagal cerrado pudesse surgir, fazendo estremecer as palmeiras a qualquer momento, um gorila gigante. A flora é riquíssima, as flores são exuberantes, as árvores altas ou de copas larguíssimas, de toda a ilha brota vida em excesso de cores, de formas, de tamanhos. Porto Alegre é uma aldeia piscatória no fim da estrada. É um porto pequeno com um aglomerado de casas caoticamente dispersas como, de resto, em toda a ilha. Aqui não me detive muito tempo, a fazer contas sem ter a certeza de ter gasóleo para o caminho de regresso. Certa que irei voltar noutro dia para fazer a travessia até o Ilhéu das Rolas e aí poder percorrer a aldeia a p