A minha iniciação ao Golfe

   Há coisa de um mês tomei uma resolução: retomar e de forma persistente o golfe, como actividade desportiva recreativa. Assim decidida, procedimentos prévios todos tomados, contactos realizados, aulas programadas, sapatinho tirado da obscuridade da cave e engraxado! Admito, tomei esta decisão como poderia ter-me facilmente inclinado para  uma acção de formação de renda de bilros ou de capoeira....mas o  material já tinha, a criar pó e a ocupar espaço e pareceram-me motivos relevantes! Concordo, não é a melhor das razões para se iniciar uma prática desportiva mas, nos dias que correm, se não  nobre é pelo menos uma razão válida, tão válida como outra  qualquer! Outro motivo há e, no mínimo, inovador face aos preconceitos ainda existentes quanto à modalidade: ir praticar golfe porque é barato poderá ser um conceito peregrino, para quem desconhece a evolução da modalidade e no entanto é totalmente verdade; sem jóia de inscrição e uma mensalidade perfeitamente dentro da média de qualquer outra actividade, se não ainda mais acessível, considerando os custos de manutenção de um campo de golfe! Mas nesta modalidade outros interesses me movem:  é um jogo excitante de uma forma muito ao ralenti, não sofres que nem um mártir apesar de estares  numa actividade de intensidade moderada, não há contacto físico indesejado, não és obrigado a  apreciar as feronomas alheias, situação sempre muito aborrecida, manténs sempre uma certa dignidade exterior porque não te descamisas nem suas como um leitão, e não tens um árbitro a apitar-te aos ouvidos a cada 5 segundos. Tens os teus objectivos pessoais a atingir, com o teu ritmo próprio mas integrado num grupo onde podes jogar com os teus amigos, mesmo que sejam mais habilidosos que tu e tenham handicaps mais baixos; sendo um jogo individual de grande dificuldade técnica as possibilidades dos teus amigos mais habilidosos fazerem de quando em vez um jogo da treta é libertador! Podes iniciar a modalidade já a entrares na senilidade e ninguém nota isso  porque este desporto atravessa gerações, não te põe a um canto porque és velho e mal te mexes. Para além disso, deve ser dos poucos desportos em que podes participar nas categorias mais elevadas, seres vencedor e não teres que sacrificar a tua barriguinha de cerveja, pese embora alguma moderação ser aconselhada!  


   Esqueçam a critica batida do elitismo, da estratificação de classes, do snobismo inerente a este desporto, esse já foi chão que deu uvas, no Clube de Golfe da Ilha Terceira do qual já sou orgulhosamente sócia, ainda não vi nada disso e digo-o com um agrado enorme.Tive já ocasião de observar algumas das pessoas que frequentam este clube, de conhecer alguns dos responsáveis e também funcionários e fiquei muito agradada com a forma descontraída e calorosa como me receberam! O próprio código de vestuário está a aligeirar-se e dei por mim a observar, não sem algum pedantismo, os chinelinhos nos pés de alguns frequentadores; e não me parece que andem propriamente a observar se a marca do polo que os vizinhos vestem é Ralph Lauren da loja cócó se da feira!


   O meu professor está medianamente contente, isso parece-me muito encorajador: não é profuso nas suas manifestações de júbilo (que são sempre suspeitas!) mas também ainda não o apanhei numa expressão facial fatal (revirar olhos, suspiros ou bocejos mal disfarçados) e eu sou discreta nas minhas observações; penso, no entanto que, tal como eu, outros me precederam e o meu professor bem pode ser mestre na técnica da dissimulação, para nosso bem, naturalmente! 
   Passares 3 aulas em que de um cesto cheio de bolas consegues fazer 10 drives de qualidade sofrível e ainda teres coragem, de regressar no dia seguinte sugere um professor que seja assertivo e motivador! E isso ele é!

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