Os sedutores ou os que o querendo nunca o serão!

   Entre as muitas caracterizações e agrupamentos que podemos fazer dos homens, enquanto género sexual, há aquela de que gosto particularmente e  que os divide em duas categorias: os sedutores e os incapazes de seduzir, sem categorias intermédias; ou sabe ou não sabe e pelo que vejo o que não sabe não irá passar a saber e o que sabe não consegue deixar de o ser; estão presos à sua condição de sedutor ou de anti-sedutor ( para não dizer palavra mais forte) sem dela conseguirem sair. O iletrado da sedução mete dó de ver: pode ser o gajo mais giro, de corpo mais torneado em masculinidade exuberante, o penteado mais cool e displicente desmazelo de cuidado com a roupa, o calção estrategicamente descaído abaixo da anca, em que não raras vezes se vê o vinco em triângulo da púbis, tudo neles é físico; pode ter a barba de 3 dias e o ar cansado de quem anda distraído  não se dando conta das feromonas que lança para o espaço; pode até ter um harém de gajas a trabalhar para ele e por ele; que nada disso interessa porque não trabalha para seduzir: julga erradamente que tudo lhe cai no prato e que seduzir é um acto menor! Desvaloriza o que é de valorizar, os sinais, os pequenos sinais, os olhares, o jogo de movimentações, a dança dos corpos das mulheres à sua roda. Esta qualidade de homens não merece um décimo do que as mulheres lhe proporcionam; não trabalham para isso! São burros julgando que lhes basta serem giros e durante uns tempos, enquanto dura o seu viço, têm sucesso, porque assim como burros que são, atraem mulheres burras e como tal sustentam-se uns aos outros. 

 Ainda dentro desta categoria dos anti-sedutores há os que, o são por convicção, consideram que as mulheres não os merecem, que mais cedo ou mais tarde as gajas irão decepcioná-los e que são todas iguais e que portanto não vale a pena investir um cêntimo na conquista; são os cínicos de serviço e atraem todas as mulheres que têm o seu lado masoquista bem desenvolvido e que curiosamente são seduzidas pela forma desprendida para não dizer, grosseira com que eles as tratam! Outra categoria pertence ao iletrados trapalhões, os que até quereriam seduzir e fartam-se de o fazer mas por incapacidade para dosear a forma e o modo como seduzem, fazem normalmente asneira; são os que não sabem temperar o peso das mãos no vestido delas, que atacam em rompantes muito despropositados, que as assustam antes mesmo de terem usufruído algo de valor! Ficam-se sempre pelos preliminares da arte de sedução e não aprendem com os erros, cometem sempre os mesmos! Os tímidos da sedução são um grupo acarinhado pelas mulheres, porque elas sabem, por experiência ou por instinto que por detrás de tanta reserva se escondem homens fogosos de bons instintos e que para que assim seja só basta rasgar a capa detrás da qual eles se escondem; no entanto são muitas vezes relegados por culpa delas, que impacientes e  apressadas na escolha dos seus homens escolhem erradamente com os olhos. No entanto, seja a mulher visada sábia e paciente e revelam-se seres maravilhosos, podendo até, com o hábito, passar para a categoria dos sedutores; são mesmo os únicos que o poderão fazer.

    Quanto a esta, a dos sedutores puros, têm em comum, nada fazerem objectivamente para o serem; é do seu código genético, seduzem como comem, como respiram, como ouvem música, não é independente de si; os seus gestos e os seus olhares, as suas inflexões de voz, a movimentação do seu corpo, a forma como se movem, tudo se conjuga na mesma direcção: o acto puro de sedução; normalmente são bem sucedidos no entanto prejudicados pelo preconceito feminino que nestas coisas da sedução anda muito mal habituada; a mulher dos tempos modernos não reconhece o gesto singelo de uma mão suavemente colocada pelas costas, um gesto quase de protecção, um olhar mais prolongado, um calor inusitado na voz, a aproximação quase imperceptível de um corpo na direcção do outro sem que, o julgue como um avanço atrevido no sentido único da cama. Para sua grande tristeza, as novas mulheres não são bem seduzidas, a arte e o esforço e o empenho de épocas passadas, perdeu-se algures no tempo. Os verdadeiros sedutores são uma classe minoritária, tão pequena que estranha! Estranha à mulher que a ela deveria ser sensível!  Sensível no início, permeável com o tempo, que o sedutor é paciente e sabe esperar!
   Na verdade, na grande parte das vezes é no sentido da cama que o sedutor seduz, é tão natural que assim o seja, no entanto fica ofendido quando a mulher o julga e o reduz a uma simples máquina sexual; o sedutor sente um prazer enorme no jogo de sedução, mesmo que recta final da sua sedução não se traduza no acto sexual como o ser humano a entende, acredita e sente grande prazer, nos preliminares e aceita que a sedução seja um fim em si mesmo, que lhe dá um grau de satisfação sexual tão grande ou maior que a conclusão dos seus esforços. Que não são esforços, afinal, o sedutor não se esforça, tudo lhe sai naturalmente.E ama a Mulher como a si mesmo!

Nota importante: existe outra categoria de homem a meio caminho entre o trapalhão mas acima deste porque esforçado e mais refinado mas abaixo do sedutor puro porque não seduz efectivamente nada! É uma categoria consubstanciada num ser, por enquanto num ser único, o grande Melro Preto mas a este já dediquei uma crónica inteira e como ser único que é seria, no mínimo  desrespeitoso que o enquadrasse com os outros. Quem estiver curioso pode procurá-lo aqui, algures no blogue. Fica a nota.

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