Rumo a S. Jorge - dias 2 e 3

   Diário de bordo - 13,00 do dia 27 - ontem passamos o dia inteiro na Fajã de Sto Cristo. O dia não estava de feição e não havia rede para escrever blogues nem nada destas coisas modernas. Foi um dia de cansaço extremo com uma subida de meia hora até à cascata da fajã. Antes disso houve que ver onde trazer o bote até terra em segurança. Como as facilidades não acontecem em momentos de aventura, o motor do bore enxurrou e à força de remos chegamos a terra. Almoçamos na unica tasca da fajã e conhecemos o poeta, escritor e desenhador Emanuel que para além de todas estas qualidades também é bom comerciante e tivemos que entrar num bate-boca que como sempre, deixa os meus filhos muito envergonhados porque acham que eu falo demais e que tenho a mania que sou esperta. Um banho na caldeira para terminar e regressamos ao bote, uma corrente meia manhosa que nos fez ficar encharcados até aos ossos. A noite a bordo foi temerosa, uma ondulação que não deixou ninguém  dormir na sério. O nosso skipper foi incansável, passou a noite alerta, os ruídos e os balanços deixaram todos maçados. Dormiu-se a espaços, foi uma noite no minímo interessante.

   De manhã, como num passe de mágica acordei para outra paisagem, o primeiro vislumbre que tive, num dia radioso foi a Fajã do Ouvidor. Míudos já despertos e com a irrequietude própria de quem não consegue estar sossegado, atiraram-se ao mar e foram a nado até terra, uns bons 100 metros que não lhes mete medo. Quanto a mim, um banho matinal num mar de azul profundo. De bote até à povoação para descobrirmos um casario mimoso e uma paisagem de suster a respiração. Descobrimos a maior piscina natural onde tive o prazer de megulhar depois de descermos degraus sem fim e atravessarmos uma ponte manhosa em equilibrio precário. Às 17,00 zarpamos novamente a continuar a costa norte na direcção da Ponta dos Rosais. O Zé Carlos, previdente como sempre e zangado porque de manhã bem cedo deixara escapar uma bicuda, lançou os iscos novamente ao mar e no espaço de meia hora apanhou duas bicudas, grandes e airosas. O terceiro que mordeu o isco era tão maravilhosamente grande que deixou o Zé a escorrer suor e já a subir para bordo escapou-se com o isco na boca. Antes tivesse acabado na nossa panela que com o isco falso que levou na boca deve ter tido uma morte lenta e sofredora. De motor ligado porque não havia vento ao contrário da ondulação que era forte, atravessámos a ponta dos rosais onde aí fomos levados em vagas que subiam e desciam empurrando-nos para diante, movidos por massas de água um pouco intimidantes. Um pouco mais à frente mais um grupo de golfinhos, curiosos e travessos que nos acompanharam um pedacinho do nosso caminho. Chegamos às Velas depois das 20 horas e dormimos nessa noite, um sono solto e sem sobressaltos. 

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