Eu é que sou o árbitro!

     Aula hoje, actividade – futebol; hora:14,15-15,00. 
   Primeira evidência: querer qualquer comparência à aula antes das 14,30 é ser demasiado exigente, mais, esperar que estejam  na aula até 10 minutos antes de terminar entra no domínio do quase suportável,  pelo que comparecerem  às 14,30 é  tão só o cumprimento escrupuloso  da virtude da pontualidade; se se quiser ser picuinhas vai-se à procura e devem ser encontrados, algures perdidos em devaneios, nos corredores; nem sempre se faz isso porque se tem que promover a autonomia, que interessa perder-se tempo de aula se se ganhar independência?!" Jogo de futebol no sintético que é mais giro, setora" gritam logo que me vêm; 
   Segunda evidência: putos do quinto ano com furo a jogarem futebol no mesmo espaço, ok, juntam-se as duas turmas e faz-se já aqui uma jogatana de futebol que toda a gente fica contente;   
   Terceira evidência, seja com muita ou com pouca gente ( na turma são poucos e ímpares  acabam por serem sempre ímpares por mais volta que se dê, e tão poucos que a menos que venham todos - difícil - e equipados - complicado - e dispostos a isso - parapsicologia)  há sempre um que fica a mais, quem é quem é, o elemento X da equação, aquele de quem se procura sempre a identidade e que permanece sempre uma incógnita… neste caso desta turma em particular a incógnita é saber se X fica na equipa A ou na equipa B…o tal que é sempre o último a ser escolhido, tirando o caso, que também sucede, em que é ele um dos que escolhe e nesse caso,  encolhem-se os outros a ver se passam despercebidos;
   Quarta evidência- duas equipas formadas, o elemento x passeia-se pelo campo a uns estonteantes  e potencialmente perigosos  50 mt/h o que faz o humorista da turma dizer: "Ó meu amigo, és o árbitro? É que te mexes como se fosses o árbitro! Queres ser o árbitro?" Resolve-se já o problema ao X que nisto de ter que fazer que mexe as pernas e efectivamente mexê-las é algo de uma complexidade que o deixa confuso pelo que surpreso e expectante, olha para mim: “ Posso ser o árbitro?” Abro a boca para explicar a função do árbitro e a complexidade de tal função, a importância da figura, a riqueza que é a mediação imparcial de um potencial conflito como é a competição desportiva futebolística quando engulo as palavras a meio e penso que não é justo complicar o que deve ser simples pelo que devolvo a pergunta: " Queres ser o árbitro?!"  E ele que responde com outra pergunta, esperançoso:“ O árbitro não tem que fazer nada, não é?” " É como dizes, o árbitro não tem que fazer rigorosamente nada... se fizer só isso - nada -  já estará a fazer alguma coisa!" E penso : ora aqui está, um rapaz à minha maneira e que acha, tal como eu que o futebol está para além de sobrevalorizado". 

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