Lojas giras: Central de Ferragens

   Subindo a rua da Sé em direcção ao Alto das Covas, do lado direito logo a seguir à rua que conduz à entrada principal do mercado da cidade, temos a loja de ferragens do senhor Nildo Neves, Central de Ferragens, nome comercial. É lá que vou quando preciso de comprar alguma ferramenta ou material para a casa. Há outras lojas de ferragens na cidade mas não têm a graça desta, nem têm um proprietário simpático, bem-humorado e de resposta rápida, filho do antigo proprietário, o já falado Nildo Neves. Segundo o dono da loja, esta foi comprada pelo seu pai há 60 anos mas antes disso funcionava também como uma drogaria e a sua história remonta a finais do século XIX! Todo o mobiliário é o original, nota-se que ali o tempo parou, de alguma forma! E assim é que tem piada! 
   Suponho que as lojas de ferragens devem suscitar, para os homens habilidosos de mãos com jeito inato para consertar coisas, o mesmo interesse  que uma retrosaria provoca nas mulheres com finura de mãos nos trabalhos de costura, bordados e confecção. Acho mesmo que a loja de ferragens deve ser a correspondente masculina para a retrosaria: a disposição dos armários, prateleiras e gavetas é parecida, os vários utensílios também estão presos a cada gaveta como forma de mostruário ( veja-se as minúsculas gavetas de botões em que cada uma tem uma amostra presa à madeira em sucessão de inúmeras gavetinhas com bolinhas coloridas a anunciar o que encerram); grandes balcões de madeira velha, bem encerada e com a  superfície polida de tanta gente a poisar lá as mãos, algum cheiro a mofo e a velho que só lhe dá encanto, o atendimento por gente que sabe atender, com delicadeza e solicitude, sem pressas, as conversas que invariavelmente se vão trocando entre os clientes que esperam a sua vez, pacientes. Há mais lojas de ferragens na cidade mas é a esta que eu torno, gosto de lá estar, de olhar, de ver todos aqueles objectos, de me dar sempre aquela ânsia de começar a  fazer bricolage quando chegar a casa! E o senhor a perguntar no final " e então não vai mais nada?" e eu ainda a varrer aquelas maravilhosas gavetas com os olhos não vá descobrir algo que me faça falta mas .... " não obrigada, por hoje é tudo" Um grande cumprimento final com direito a pequena vénia e saio da loja com um sorriso na cara, sempre!

































































































































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