Retrospectiva

Cinquenta e seis anos passados
Meio século de existência
Anos de vida dedicados
Ao mar, misto de enleio e obediência.

No dia em que veio ao mundo
Uma estrela brilhou no céu,
Nasceu para ser vagabundo
Neste mundo de homens foi feito réu.

A vida sempre lhe foi infiel e dura
Feita de trabalhos e canseiras
Mas o desconhecido e a desventura
Nunca lhe impuseram barreiras.

Cedo ingressou na Marinha
Em busca de novos horizontes
E a vida que sempre parecera mesquinha
Tomou novas formas, surgiram novos "montes"

E o mundo foi todo percorrido
Mês após mês, no mar navegando
Lembranças da terra, num tempo ido
Foram pouco a pouco se dispersando.

Conheceu numa festa da aldeia
Aquela prima desconhecida, tão esbelta
Seus cabelos negros, seus olhos de sereia
Puseram-lhe o coração em estado de alerta.

E o dia de casamento chegou
A noiva de branco, ele de fato
A hora que tanto ansiou
Fora chegada; heróico acto.

Nasceu o Rui; botão de rosa
Num jardim, ainda por semear
E para aquela família venturosa
Era mais alguém para se amar.

Moçambique foi a meta seguinte,
Terra das mil e uma cores
Terra de anseios, como um pedinte,
Terra de milagres, terra de amores.

Lá lhe ficou o filho amado
Que Deus ao céu chamou.
Ficou a vida sem significado
Sonhos desfeitos; quanto chorou!

A roseira tornou a dar flor
A alegria voltou a reinar.
Vieram à terra com todo o amor
Juraram p'ra sempre o lhes dedicar.

A Rui e a Baba foram crescendo
Crianças primeiro, jovens depois
E a vida foi sempre correndo
A vida que até ali fora a dois.

Um homenagem aqui prestada
Aos cinquenta e seis anos de vida
lhe deixo bem vincada
De uma retrospectiva vivida.

Maria Rui Dias Loução, 16 anos


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Receitas da Ilha Terceira

Impérios da Ilha Terceira II