Manual alternativo para o condutor português

 (só aplicável em Portugal, nas estradas portuguesas, com condutores lusos e carros, motas, tractores e asnos de matrícula portuguesa )

      Premissas fundamentais -
   1.  Conduzir é competir 
   2. Parar é morrer  
Com base nestas duas verdades absolutas afirma-se que:
    - Qualquer outro veiculo,  seja movido a motor, pedal ou patas é um potencial adversário; 
     -  No acto de conduzir é absolutamente permitido, mais, aconselhável, tirar tanto quanto possível, qualquer vantagem sobre o seu adversário;
   - O domínio da estrada é condição imprescindível para a sua afirmação pessoal: aja sempre nessa conformidade;
    - Um veículo seja ele qual for foi feito para andar, para o transportar do ponto A para o ponto B. O acto de parar deve ser usado com moderação e sempre em ultima alternativa; quando todas as outras opções ( sinais de luzes, guinar para o lado, buzinadelas intermitentes, levantar o pé do acelerador e outras) tiverem falhado, só então se deverá dar uso ao travão mas nesse caso, aconselha-se que o faça de forma desabrida: a paragem deverá ser brusca para obter o efeito dramático pretendido, obter a atenção máxima dos utentes da estrada e mostrar a sua irritação pela ofensa sofrida ( buzine continuamente num tempo não inferior a 5 segundos); a chiadeira dos pneus e alguma derrapagem residual são condição fundamental pelo que se aconselha verificar, com alguma frequência se os pneus se encontram preferencialmente carecas;
   - Nunca, note bem, nunca ceda a passagem seja em que circunstância for; a não observância desta regra, só fará de si um frouxo;
  - Todo o tipo de manobras (ultrapassagens em traço continuo, não sinalização de mudanças de direcção, entradas intempestivas em rotundas com  veículos em circulação previa nas ditas, paragens em zonas de paragem proibida, colagem aos carros da frente para os espicaçar, não cedência de passagem de peões em passadeiras, estacionamento onde houver uma pequena aberta, seja em passeios, seja em passadeiras, seja no quintal do vizinho) é de encorajar; 
   - A manutenção do veículo é aconselhada mas não prioritária: um escape a deitar fumo negro poderá ser uma arma a usar; um bocadinho de ferrugem não fará mal algum ao seu automóvel, a médio prazo poderá até, ser usado a seu favor: pondere um encosto estratégico com o carro do vizinho sem grande dano para o dito mas que lhe possibilite uma ida ao mecânico de borla;
  - No caso de um acidente é de todo conveniente que se consiga, tanto quanto possível, atravancar o trânsito; quando tal imprevisto o assalta, e se escavaca o seu automóvel, é de seu direito que não se agilize o processo de desobstrução da via; o objectivo é causar o caos, já que o caos veio ter consigo, partilhe sem egoísmo o incómodo: mantenham-se os veículos sinistrados, o maior tempo possível, na via e resolva-se o imbróglio ali mesmo; chame a polícia, façam-se as peritagens; evite o preenchimento de declarações amigáveis; desconfie desses processos manhosos de resolução de diferendos: é só uma forma dissimulada dos outros tirarem vantagem; e nunca mas mesmo nunca se considere culpado, mesmo que bata por trás a culpa não é sua; algo poderá servir em sua defesa: o estado do asfalto, a vaca que se atravessou na estrada, o sol que colidiu com os seus olhos;
  -  Seja implacável nos semáforos: na mudança do sinal não condescenda; um segundo é mais do que tempo para  que a lesma à sua frente ponha a carroça a andar; buzine sem contemplações, a razão está do seu lado;caso haja duas faixas aproveite a espera para medir os seus reflexos: em ponto de embraiagem meça o tempo que medeia a mudança para o verde e o arranque, de preferência com  chiadeira de pneus, a fim de criar mais impacto; 
   - Seja useiro e vezeiro do vernáculo. Um "sai da frente boi" dito no contexto certo será util para si porque lhe aliviará o stress, sempre presente no acto de conduzir. Também, todo o tipo de linguagem gestual, sinais de luzes e buzinadelas são incentivados;
   - Equacione fazer um estágio de condução nas estradas da Ilha Terceira, essa experiência funcionará como uma espécie de pós-graduação na arte de conduzir e o afirmará definitivamente, de entre os demais condutores como um condutor de excelência;

   

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