No salão
Há duas horas à espera para me porem bonita para as marchas no salão de cabeleireiro onde venho mais vezes e nunca me aborreço; é quase tão bom como me sentar numa mesinha do Aliança e esperar que a conversa flua. Ouve-se tanta coisa e dessa há tanta com tanta graça! Mas é por ondas, nem sempre as conversas se trocam com a mesma intensidade e brilho, as vezes instala-se o silêncio, estranho, no entanto, basta alguém, uma cliente, um familiar do cliente, lançar algo para o ar que imediatamente se pega por uma das pontas da conversa e daí diverge para algo que sucedeu, alguém que teve um comportamento que não se tolera, uma novela que se acompanha, um boato que se ouviu, uma desavergonhada que enganou o marido e que se passeia pela cidade sem pejo com o outro; se há lugar onde se possa e deva falar mal é no salão de cabeleireiro, instituiu-se que aqui se pode costurar à vontade que daí não passa; ninguém leva a conversa para fora porque a conversa pertence ao local. E...