Há muito tempo que não vinha ao meu blogue, vim hoje neste dia 2 de Outubro, dia que não me deixa indiferente. Senti durante algum tempo que
nada tinha a dizer, andei amorfa e acomodada, sem paciência para
retomar a escrita do meu livro, aquele que levará, muito provavelmente,
uma década a ser terminado e pasme-se, sem grande paciência para a minha
faceta ranhosa de falar mal. A vida corria tranquila e tranquila me
encontrava no marasmo dos dias, a tentar dar algum sentido à rotina
tantas vezes obtusa em que o ser humano se atola e onde eu bem chafurdei. Pasmava-me de tanta inércia onde alguns sobressaltos me arrancavam,
de tempos a tempos, em entusiasmos febris, momentâneos e
inconsequentes. Por vezes a vida é absurda de tão leviana, levamos
grande parte da nossa vida a desgastar aquilo que poderíamos ser e que
só afloramos muito tenuemente, um ser mais consciente e que se aproxima,
em espaços, do esboço perfeito da nossa possibilidade humana, mas que
nunca chegamos a alcançar. Só uns quantos, talvez, uns eleitos.
E subitamente, incautos e desprevenidos ou talvez mesmo prevenidos mas
indolentes...falta-nos o chão, esmaga-nos e deixa-nos exangues, sem
acção, levamos a bofetada que nos atira ao chão e só nos levantamos anos depois.
Um Amor que se foi sem que nos desse tempo para corrermos atrás dele. A
espuma dos dias é subitamente transformada num frenesim de tremores, suores, apertos de alma, desesperos, pequenos sinais, esperançosos, a
tentativa da reconquista, amanhã, há sempre amanhã, o dia seguinte é
pleno de inícios, da possibilidade que se poderá cumprir num outro dia;
mas também o desencanto, a desesperança, a saudade do que ainda não se
cumpriu e do que não teremos, do que não viveremos.
Esta é a reacção romantizada da coisa, o sofrimento que segue o luto, a não admissão, a raiva e finalmente a aceitação de toda a merda do que fizemos e do que poderíamos ter feito. Ou então a via menos ortodoxa será a de mandar tudo para o caralho, duas boas estaladas nas ventas e começar a fazer bricolage ou ponto cruz com agulhadas fundas nos dedos para que doa. Umas chicotadas no lombo como forma de activar a dor física que por uns instantes, abafa as nossas imensas dores de coração. Não posso afiançar sobre a eficácia do método mas é tão preciso amortecer a alma!
Ou simplesmente sofrer que nem um condenado e aproveitar para um emagrecimento eficaz. Esta é a via positiva do processo com resultados eficazes e duradoiros.
Ps
- Nunca referi que esta pequena crónica seguiria o modelo bonitinho do
inicio da prosa e de que haveria uma conclusão motivadora para quem sofre
dos mesmos males. Paciência! Um conselho, desenrasquem-se, eu cá faço o
que posso!Esta é a reacção romantizada da coisa, o sofrimento que segue o luto, a não admissão, a raiva e finalmente a aceitação de toda a merda do que fizemos e do que poderíamos ter feito. Ou então a via menos ortodoxa será a de mandar tudo para o caralho, duas boas estaladas nas ventas e começar a fazer bricolage ou ponto cruz com agulhadas fundas nos dedos para que doa. Umas chicotadas no lombo como forma de activar a dor física que por uns instantes, abafa as nossas imensas dores de coração. Não posso afiançar sobre a eficácia do método mas é tão preciso amortecer a alma!
Ou simplesmente sofrer que nem um condenado e aproveitar para um emagrecimento eficaz. Esta é a via positiva do processo com resultados eficazes e duradoiros.
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