Dalila

   Morreu a Dalila!

   A Dalila chegou um dia, vagueando por essas estradas da ilha, uma vadia pura, alma de cigana, cadela de muitos recursos, não aparentava desespero ou inquietude, simplesmente andava por ali, a apreciar a caminhada. Entrou no carro após ter sido convidada, sem receios ou hesitações. Veio para casa e ficou até a porta se abrir e aí saia para caminhar e não voltava. Tinha que se  ir buscar que a Dalila não era cadela para voltar para trás. Nunca foi nossa, simplesmente transigiu em ficar connosco. E ficou quatro anos! 
   Nascida em data e parte incerta, meiga, muito zelosa do seu prato de comida, um certo mau feitio na defesa da sua gamela e em podendo, da gamela dos outros, Doce, equilibrada, paciente com a gata Sissi, as sirenes das ambulâncias e a estridência dos sinos da igreja das tardes de domingo, deixavam-na descomposta e aí uivava, uivava com toda a força da sua alma primordial. Era só aí que esboçava um som e quando ouvia a saca de ração a ser remexida. Era pura, pacifica e selvagem em partes equilibradas, confiável, leal mas desprendida, amava-nos como amava qualquer um que a tratasse bem. Nunca foi nossa, deixou que a amassemos. Permanece, algures, no Monte Brasil, onde calcorreou quilómetros sem fim e aí foi feliz!













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