Mensagens

A mostrar mensagens de agosto, 2012

Rumo a S. Jorge - dia 6

   Alvorada bem cedo, comprar pão para o pessoal e descobrir onde tomar banho. É logo ali com uma piscina artificial junto a uma pequena enseada de rochas e onde forma alguns nichos de lagoinhas . Sem carro para nos levar aos seis e porque a ideia é descobrirmos as ilhas de fora para dentro, decidimos zarpar para as Lajes e descobrir a terceira vila da ilha do Pico.  São 15,30 e estamos a ir a uma velocidade de 6 nós e com um vento imenso a 27 nós. O barco normalmente inclinado a uns bons 45 graus e com o nosso skipper a ter que fazer algumas mudanças de bordo que obriga ao pessoal da cabina e equilíbrios constantes. Está tudo com um ar de aborrecimento e meio mareados. A Sofia, inacreditavelmente já vomitou o que a deixou mais bem disposta. O conforto nestas alturas não existe mas se quisessemos conforto tinhamos vindo de avião e ficavamos num hotel. A tarde está luminosa e a temperatura amena.   Da minha parte estou a apreciar cada momento.  

Rumo a São Jorge - dia 5

   Hoje houve mudança de planos; infelizmente o tempo estava instável e decidiu-se não nos mantermos no plano que tinhamos traçado de percorrermos a restante costa sul de São Jorge e daí zarparmos até à Terceira. Havia outras duas possibilidades: ou regressarmos de imediato à Terceira ou irmos dar um pulinho até ao Pico. Ninguém estava com vontade de regressar a casa pelo que se decidiu ir até São Roque, a única vila do Pico na costa norte da ilha e por conseguinte mais próxima de São Jorge. Após 3 horas de navegação a bater bem, com vagas jeitosas e muita molha pelo caminho chegamos a São Roque; infelizmente o tempo mantinha-se tormentoso e ninguém queria passar outra noite parecida com a segunda da Fajã de Santo Cristo pelo que decidimos que, já que estavamos ali porque não ir até à Madalena que tem um bom porto de abrigo. O Zé Carlos baixou as velas, ligou o motor e lá fomos nós, mais mortos que vivos, tudo a dormitar na cabina menos o nosso skipper que se manteve sempre incansável

Rumo a São Jorge - dia 4

   Hoje foi um dia para descansar e passear. Não andamos para muito longe, usufruimos da vila das Velas, que é pequenina mas bonita, com uma igreja à sua escala mas um interior muito rico. O edificio da Câmara Municipal é robusto mas bonito, o jardim da vila é uma pequena delícia com o seu coreto vermelho e todo vedado com um gradeamento verde. As ruas muito limpinhas, as casas arranjadas. A zona balnear, Poça dos Frades, tem uma vista privilegiada para o Pico e o seu pico que hoje estava quase completamente à vista. Um tempinho para visitar o cemitério da vila onde descobri uma figueira a transbordar de figos, que papei sem contemplações. O almoço feito pela Sofia para terminar a manhã, bicuda frita com arroz de tomate, umas frescas e uns martinis pela tarde e uma sopa ao jantar para rematar. Cá nos encontramos nós seis, a jantar sopa inventada pela Sofia, uma mistela saborosa com multiplos vegetais a boiarem na água, que varinha mágica não há. A Sofia que já me está a lançar uns olh

Rumo a S. Jorge - dias 2 e 3

   Diário de bordo - 13,00 do dia 27 - ontem passamos o dia inteiro na Fajã de Sto Cristo. O dia não estava de feição e não havia rede para escrever blogues nem nada destas coisas modernas. Foi um dia de cansaço extremo com uma subida de meia hora até à cascata da fajã. Antes disso houve que ver onde trazer o bote até terra em segurança. Como as facilidades não acontecem em momentos de aventura, o motor do bore enxurrou e à força de remos chegamos a terra. Almoçamos na unica tasca da fajã e conhecemos o poeta, escritor e desenhador Emanuel que para além de todas estas qualidades também é bom comerciante e tivemos que entrar num bate-boca que como sempre, deixa os meus filhos muito envergonhados porque acham que eu falo demais e que tenho a mania que sou esperta. Um banho na caldeira para terminar e regressamos ao bote, uma corrente meia manhosa que nos fez ficar encharcados até aos ossos. A noite a bordo foi temerosa, uma ondulação que não deixou ninguém  dormir na sério. O nosso skip

Rumo a São Jorge

 Diário de bordo - 25 de Agosto ,21,30 da noite  e é noite cerrada. Estamos a duas horas de caminho de S. Jorge,vindos da Terceira, no barco à vela do Zé Carlos.  O Bonito apanhou bom vento a partir de meio da viagem e se no inicio se fez ao mar com a ajuda do motor, há mais de três horas que navega só com a ajuda do vento, que é para isso que deve servir um veleiro com orgulho de o ser.  O destino final é a Fajã de Santo Cristo, na costa norte da ilha. A lua em quarto crescente à nossa esquerda, dentro de uma semana temos a lua cheia, lua azul assim chamada por ser a segunda no mesmo mês. O barco corre agora à velocidade de 6,5 nós com rajadas de 18 nós, mas quando desligámos  o motor viemos a assapar a 10 nós. Apesar do vento a aragem é pouco agreste. Está toda a gente ansiosa por chegar, a Sofia e eu que desconhecemos esta fajã, os miúdos que já estão moídos de tanto mar. O João e o Gui enfiaram-se dentro de sacos-cama no deck do barco, o Vasco, diferente de todos dorme sossegado n

Azares ... ou não! Uma questão de perspectiva!

       Hoje iniciei o dia com um furo num pneu; é bem feito porque tenho sempre a mania que consigo passar em cada regozinho de estrada; pimba, em plena cidade, no meio da azáfama do quase meio-dia, ouço o som insuportável do chiar do pneu a esvaziar furiosamente após ser trincado, sem apelo nem agravo num passeio, ali para as bandas da Praça Velha! Ainda pensei poder, muito devagarinho, chegar à casa do mecânico, no Pico da Urze (ainda em negação!), o nhanhac da jante a rolar pelo chão fez-me parar ali, juntinho dos Correios.     Como a idade sempre traz, aparentemente, alguma sabedoria, saltei a parte dos impropérios e da auto-comiseração que sabe sempre bem, do género" só a mim é que acontece isto", esquecidos que estamos de habituados a ver outros na mesma situação que nós, em lamentos iguais, dizia, ignorei todo o ritual que surge após o azar e parti imediatamente para a mudança do pneu , preocupada em chegar à Silveira, ainda da parte da manhã. Imediatamente, duas co

Silveira - actualização de verão

    A Silveira está ao rubro. Esta é outra Silveira, não aquela dos meus banhos no inverno, esta Silveira está apinhada de gente que só põe o pezinho na água se esta estiver em ponto de ebulição. Gente que precisa de sol, de preferência sem nuvens, que as nuvens moem com a sua disposição e os deixam a bater o queixo em risco de hipotermia. Habituais, indefectíveis defensores do banho durante o ano inteiro, alguns banhistas de mão cheia:   senhoras já bem entradotas, de boa postura e fina figura, com horror a molharem o cabelo, um fenómeno que me escapa, velhos de secas carnes, algo mirrados mas invejável condição física, que de verão ou de inverno se afirmam maravilhados com a água. Pessoas de tão habituadas  que estão destas andanças que fazem a distinção da temperatura da água, de dia para dia com precisão até às centésimas.     A Silveira no verão é um caldinho social onde convivem não se misturando gente muito diferente: de manhã cedo surgem as famílias bem estabelecidas, de cria